Quando no final dos anos 80, Masamune Shirow, um mangaka (como são chamados os artistas de quadrinhos japoneses) que ao contrário de vários outros artistas, nunca foi muito de se mostrar, tanto que praticamente não existem fotos dele na internet, apresentou omangá Ghost in the Shell. O mundo teve a oportunidade de conhecer, de uma maneira bem visceral, o gênero Cyberpunk numa perspectiva muito mais psicológica e humana do que os demais trabalhos que eram sempre tendenciados para o conceito da tecnologia e da ficção científica como mote principal.
A arte de Shirow também chamava a atenção para a riqueza de detalhes em cada página, pois o autor cuidava de tudo sozinho. Razão esta para ter pouquíssimos trabalhos no mercado. Evidentemente o sucesso do mangá foi incrível e até hoje ele é relançado, tanto que finalmente ganhou sua versão em português pela editora JBC, que fez, diga-se de passagem, um trabalho esplêndido de edição.
Como era de se esperar, a revista ganhou sua versão para o cinema no anime em 1995 dirigido por nada menos que um dos melhores diretores do estilo, Mamoru Oshii, que não só fez um trabalho divino mostrando ao mundo a genialidade do criador da obra, como inspirou centenas de artistas mundo afora, sendo os mais conhecidos os irmãos Wachowski, que nos deram a trilogia Matrix, de 1999. Entretanto para os conhecedores domangá fica claro que uma parte essencial do original se perdeu com o anime, como as belas conversas entre os personagens e de certa forma o pouco de alívio cômico que tinha. O trabalho do diretor foi surpreendente, pois usando da animação conseguiu sublimar um pouco esta falta. Ao contrário do que possa parecer, Ghost in The Shell não é um filme de ação, mas sim de reflexão psicológica e filosófica.
De fato o mundo conheceu Ghost in the Shell, muito por obras clonadas de outros projetos e por conta disso poderão haver pessoas desinformadas que irão pensar exatamente o contrário, dando erroneamente o título de plagiadora a esta obra.
Agora em 2017, Rupert Sandes trás a sua versão em Live Action. Colocando a atriz que se tornou referência quando falamos de heroínas: Scarlett Johansson.
Na história que acontece em 2029 temos um mundo lotado e claustrofóbico que vive seu auge tecnológico, mas mantem os mesmos problemas que temos hoje em dia, como a miséria, a fome e a desigualdade social tão profunda, que chegamos a pensar que isto define muito mais a humanidade do que suas conquistas tecnológicas e cientificas. Aqui conheceremos a Major, representada por Johansson, uma máquina perfeita que de humano possui apenas o cérebro. Neste futuro esse será o próximo passo evolutivo de uma humanidade que em sua maioria já utilizam de partes mecânicas por razões que vão de apenas prolongar a vida até simplesmente se divertir, como o caso de um personagem que coloca um fígado cyborg apenas para tomar mais cervejas sem se preocupar.
A Major é uma das agentes de uma equipe do governo responsável pelo combate ao terrorismo tecnológico que entende que seu progresso pode varrer de vez a humanidade. Junto a ela temos seu fiel amigo Bateau, que é vivido perfeitamente pelo ator Johan Philip Asbæk.
O trabalho principal é encontrar o líder dos terroristas, aqui vivido por Michael Pitt, e assim acabar com este suposto mal. Entretanto à medida que a Major entra neste mundo seu passado começa a aflorar, revelando que nem tudo que ela pensa ter vivido realmente é verdade.
O filme, diferente do anime, tem mais ação e caminha por um outro vertente deixando tanto o conhecedor como o leigo felizes, pois traz algo novo para o fã e instiga os novos a conhecer a obra completa.
O filme é uma história de origem e deixa bastante espaço para continuações, já que a obra em si tem muita carne no osso que pode ser explorada com certeza no futuro.
Adorei o filme e a maneira como foram homenageadas suas antecessoras, em especial o anime, com cenas que lhe foram fieis com maestria. Ponto para Rupert Sandes, que anteriormente mostrou seu trabalho em um filme não tão fantástico: Branca de Neve e o Caçador de 2012.
Se você curte uma boa ficção e também conflitos psicológicos, além de uma boa atuação, este é o seu filme. No entanto devo salientar, que assim como no anime, a ação não é o fator base da obra, mas sim o autoconhecimento e a crítica social muito presente. Digo isso devido aos trailers que passam uma imagem mais blockbuster , com muita ação e pancadaria.
Apesar do filme não ter chegado lá em relação a grana de publico eu não achei criticas negativas... Será que foi por conta de termos uma protagonista? Vai saber ... O importante é que este DVD fará parte de minha coleção.
Apesar do filme não ter chegado lá em relação a grana de publico eu não achei criticas negativas... Será que foi por conta de termos uma protagonista? Vai saber ... O importante é que este DVD fará parte de minha coleção.
Confere aqui o trailer :
Nenhum comentário:
Postar um comentário